quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL VISTO PELA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

A exposição filosófica deste conceito possui uma intenção: contribuir para novos tipos de sociabilidades sustentáveis, sendo a educação a fonte propagadora para a criação destas sociedades futuras. A atualidade exige muitas considerações sobre o que vem acontecendo à humanidade e seu modo de proceder em relação à natureza. Não podemos deixar de lado determinados conceitos que são veiculados, na maioria dos encontros e colóquios, sobre a devastação que assola o planeta. O que somos atualmente e qual a nossa postura neste presente? As respostas são inúmeras e dentre elas podemos, sem dúvida, afirmar que somos ocidentais e que possuímos o discernimento de nos situarmos após o esclarecimento, sendo este compreendido como um tempo, uma época, em que o homem passou a ter atitudes reflexivas. O homem teria saído de sua minoridade passando à autonomia de refletir a partir de seu próprio entendimento. No entanto, qual é a autonomia que o homem possui diante das situações em que assistimos ao desparecimento de mananciais e reservas florestais? O tom desta indagação incide diretamente sobre a preocupação com o meio ambiente e leva a inúmeros questionamentos, porém a crescente onda de violência solicita-nos um exercício mais intenso de pensamento. Ao tratarmos de pensamento, na maioria das vezes, deixamos de levar em conta que a preocupação dos pensadores, desde o início da filosofia, sempre girou sobre o que os gregos denominaram de physis. Tudo o que é passível de crescimento é comprendido como physis. Os antigos filósofos gregos se espantavam com tudo, tudo causava espanto e admiração. Todavia, não se deve deixar de lado, que a physis não se resumia somente ao que consideramos natureza – como aquilo que é verde e sem a presença do homem – physis é tudo que se desenvolve. Os gregos queriam saber o seguinte: o que tar designar o que mantinha a coesão dos elementos e partes das coisas que apresentavam sinais de mudanças. Algo pode mudar de fases sem deixar de ser algo, portanto uma unidade provavelmente mantém o desenvolvimento dessas mudanças. Ora, estas conclusões aparecem indicando que tudo que é percebido pelos nossos sentidos é imediatamente pensado. No entanto, não é assim que as coisas funcionam quando se trata de pensar filosoficamente; ao falarmos de mundo, não o estamos percebendo em sua totalidade; do mesmo modo, ao falarmos de natureza não a apercebemos também em sua totalidade. Neste sentido, faz-se necessário atentar para a educação através de conceitos. A educação sustentável implica em termos noções filosóficas que remetam diretamente aos conceitos. A filosofia contemporânea é de grande valia por pautar-se em problematizações que envolvem a criação de conceitos sem perder o contato com as criações de funções e agregados sensíveis concernentes aos afazeres científicos e artísticos. A educação sustentável requer a compreensão de novos conceitos como diferença, acontecimentos, territórios, temporalidade e outros. Deste modo, as apreciações filosóficas sobre o conceito de desenvolvimento sustentável devem fazer parte de todas as ações que digam respeitos á propagação deste conceito.
Fonte: http://www.anppas.org.br/encontro6/anais/ARQUIVOS/GT6-713-510.pdf

FILOSOFIA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Apontar a filosofia como contribuição na educação exige algumas considerações às quais partirei do pensamento de Marilena Chauí (2001:9) a respeito da filosofia. Para ela quando desejamos conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos estaríamos começando a adotar o que chamamos de atitude filosófica. Percebemos que em um primeiro momento a Filosofia é a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana sem antes havê-los investigado e compreendido. A primeira característica da atitude filosófica é negativa, pois diz não ao senso comum, às idéias da experiência cotidiana, ao estabelecido. A segunda característica da atitude filosófica é positiva, pois interroga sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem a atitude crítica e o pensamento crítico. Segundo Chauí (2001:15) em nossa cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de utilidade imediata. Por isso, ninguém pergunta para que as ciências, pois todo mundo imagina ver a utilidade das ciências na aplicação à realidade.O senso comum não enxerga algo que os cientistas sabem muito bem que verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre teoria e prática, correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são questões filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a Filosofia quem as formula e busca respostas para elas. Assim, o trabalho das ciências pressupõe, como condição, o trabalho da Filosofia, mesmo que o cientista não seja filósofo. Assim, mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia não é o conhecimento da realidade, nem o conhecimento da nossa capacidade para conhecer, mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia é apenas a vida moral ou ética, ainda assim, o estilo filosófico e a atitude filosófica permaneceriam os mesmos, pois as perguntas filosóficas - o que, por que e como - permanecem. A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem à palavra sophos, sábio. Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.
Fonte: http://www.unifae.br/publicacoes/pdf/sustentabilidade/alexandre_osmar_editorado.pdf Mostrar menos

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Desenvolvimento Sustentável e Educação

Cláudio Manoel Nascimento Gonçalo da Silva

A concepção do Desenvolvimento Sustentável surge em 1983, após os primeiros prenúncios de uma tragédia ambiental. O buraco na camada de ozônio, a extinção de algumas espécies, a queimada de grandes florestas, a poluição nas grandes cidades, a destruição de rios, a “crônica de uma morte anunciada” era sinalizada a humanidade pela falta de atendimento as necessidades das gerações futuras. A humanidade em sua corrida desenfreada para produzir e industrializar recursos, ao incentivar o processo de desenvolvimento das atividades agrícolas, florestais e pecuárias, perdeu o foco quanto a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais.

Dimensões da sustentabilidade
O conceito de desenvolvimento sustentável traz a noção embutida de industrialização como marco do progresso, dentro de um conceito positivista, passando a ideia de um progresso indefinido a níveis mais elevados. O fato é que o progresso como um todo, comporta diversos aspectos ou dimensões as quais nem sempre acompanham-se neste desenvolvimento. E, mesmo havendo instâncias destas dimensões que progridam em conjunto, há um desnivelamento na qualidade de desenvolvimento que cada uma destas dimensões alcançam. Algumas destas dimensões (Social, Econômica, Ecológica, Cultural, Espacial, Política e Ambiental), sugerem a necessária consciência social, mas a evidente constatação que não será alcançado um desenvolvimento igual ao de países mais desenvolvidos.

Como conscientizar gerações? Educação.

No livro: A Paidéia, a educação é apresentada como um processo de sobrevivência, em que a humanidade propicia a propagação de conhecimentos adquiridos e necessários para a existência social. A história de formação do homem grego, conhecida como fase pré homérica, trazia intrínseca a noção de que o destino era regido pelos deuses e o homem, fadado as tragédias, precisaria enfrentar as ações divinas a fim de provar-se digno da sua condição.


A educação é necessária porque reformula comportamentos e idéias através da informação, transformação e formação do indivíduo em um processo continuado. A prática educativa formal instaura-se com objetivos determinados, fomentando a utilização de conceitos, recursos técnicos e tecnológicos, ou de instrumentos e ferramentas de uma determinada comunidade. No caso, a educação formal pode ser um grande aliado da concepção do desenvolvimento sustentável, uma vez que no processo educativo formal os conhecimentos e habilidades são transferidos para crianças, jovens e adultos com o objetivo desenvolver o raciocínio fazendo os indivíduos pensarem sobre diferentes problemas, de forma a auxiliarem a sociedade no seu processo de transformação. Pensar em desenvolvimento sustentável é pensar em escala cronológica a longo prazo, e neste caso, como a educação tem uma funcionalidade atemporal, na medida em que atinge todas as gerações, pode propiciar efeitos no tempo presente e futuro de forma eficaz e efetiva, sendo um grande suporte ao desenvolvimento sustentável. A educação como processo contínuo de desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, pode propiciar a integração de uma necessidade social (sustentabilidade) com o processo de formação do humano, formando em seu processo educacional e pela socialização, indivíduos mais conscientes do seu processo participativo no desenvolvimento social.

O destino humano não está nas mãos dos deuses e a sustentabilidade provoca este entendimento, através da narrativa que as ciências biológicas fazem a cerca de uma possível tragédia decorrente do mal uso dos recursos naturais. Entramos aí no plano filosófico em uma questão moral e ética. Na concepção platônica, sendo a natureza do homem racional, a razão realiza o homem a sua humanidade através do sumo bem, que propicia o homem atingir a felicidade e a virtude. Se seu corpo não é um instrumento para isto, mas um obstáculo, o intelecto encontra um obstáculo nos sentidos, a vontade no impulso, e assim por diante. Para Aristóteles a moral é estabelecida através de três Éticas. A primeira: todo ser tende necessariamente à realização da sua natureza e forma, nisto está o seu fim, o seu bem, a sua felicidade, e a sua lei. O Homem só consegue a felicidade mediante a virtude, que é uma atividade conforme à razão que pressupõe conhecimento racional. Logo, o racionalismo é virtude convertida em ação consciente que conhecimento absoluto, metafísico, da natureza e do universo, segundo a qual o homem deve operar.



Para Platão e Aristóteles, o impulso social a satisfação obtida por um desenvolvimento que remete a uma tragédia global, evidencia falta de moralidade, uma vez que a racionalidade nos faz buscar a felicidade e a virtude, bem como ações racionais baseadas em conhecimentos absolutos, que explicam e justificam a busca humana por um bem maior, que no caso, a prática do desenvolvimento sustentável justifica como sendo a perpetuação do uso dos recursos pelas futuras gerações. As virtudes éticas, morais, não seriam mera atividade racional, mas um elemento sentimental, afetivo, passional, que deve ser governado pela razão. No caso, o uso exacerbado de recursos com a finalidade de alcançar o desenvolvimento alcançado por países mais avançados, evidencia uma paixão pautada pela competitividade, que aniquila a aplicação de uma razão pautada em perspectivas científicas.

Numa tautologia, pensar a educação em face do desenvolvimento sustentável numa moralidade e ética platoniana e aristotélica, se justifica a partir de uma orientação em que o Homem conheça e pense em um bem comum, uma vez que é virtuoso e racional buscar a sobrevivência das gerações em face de uma racionalidade que entende as questões de sustentabilidade como necessárias ao avanço moral e ético da humanidade.

Desenvolvimento Sustentável: Em Busca de Uma Ontologia que a Justifique

Cláudio Manoel Nascimento Gonçalo da Silva

Uma ontologia é pensada e discutida através de uma rede de ideias e conceitos.

Por desenvolvimento sustentável entende-se a capacidade de uma comunidade satisfazer suas próprias necessidades, atingindo um nível equilibrado de desenvolvimento ambiental, social e econômico e de realização humana e cultural, respeitando os recursos naturais pela preservação dos mesmos e do meio ambiente. Tal desenvolvimento enfoca três aspectos constitutivos da vida em sociedade (convívio, equilíbrio social e economia) e evoca uma questão ontológica a ser discutida: pode o Homem usar indiscriminadamente a natureza, sem que sofra as conseqüências que impactam o seu existir?

Um olhar sobre a ontologia platônica, como conhecida a partir de Fédon e da República, o discípulo de Sócrates exorta a existência de entidades ontologicamente independentes: “o belo em si”, “o bem em si”, “o igual em si”, etc., buscando uma condição intrínseca as coisas empíricas através das propriedades que exibem. Assim, uma ontologia sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, evoca um olhar sobre que processo é este, qual a sua natureza e a que ela se destina.



Em primeiro lugar, o conceito de desenvolvimento é um conceito construído sob uma perspectiva que evoca um processo de ampliação das capacidades e oportunidades objetivadas em ações constitutivas para a sobrevivência de um sistema. A abordagem de desenvolvimento procura quais recursos são determinantes como meio de desenvolvimento e não como fim ao mesmo, tendo como pressuposto de que para aferir o avanço é preciso auferir um olhar em busca de características determinantes de uma qualificação de uma condição inicial. Se o desenvolvimento se pauta pelo meio, sendo portanto um processo, ele é multifacetado, multidimensional e alcança possibilidades motivacionais que se associam ao mecanismo de sobrevivência.

Assim, uma condição de existência satisfatória pode gerar uma estagnação das forças de desenvolvimento e caso as condições que assim a tornam não se esgotem, o desenvolvimento será inexistente porque não haverá pressão para a mudança. Logo, o desenvolvimento parte do pressuposto de que as condições de existência são flutuantes e é exatamente esta flutuabilidade que gera um processo motivacional radicado no processo de sobreviver que leva a busca de condições que se tornam intrínsecas para fomentar uma qualificação que remeta a melhores condições que antes vivenciada.
Obviamente, se entendermos que os recursos que estabilizam as condições de existência são flutuantes, podendo cada um destes recursos ter condições superlativas ou inferiores de apresentação em um contexto, o fato é que manter e recuperar estes recursos se torna também condição fundamental para se desenvolver. Um desenvolvimento que não visa manutenção destes recursos é um desenvolvimento predatório e o resultado de uma contínua predação é a extinção do recurso e a necessidade de buscar outro. Nesta dinâmica, caso haja extinção de todos os recursos necessários ao desenvolvimento de um sistema, acaba-se também por extinguir este sistema que depende destes recursos. Ora, em sistema como o ambiental, no qual fatores biológicos constituem uma cadeia de sobrevivência, exinguir um recurso de sobrevivência significa afetar outro, ou mesmo, desequilibrar a condição de existência deste recurso caso haja uma competição de seres diferentes que ocupam o mesmo nicho ecológico pelo mesmo recurso de sobrevivência. Temos como resultado deste processo, que uma das espécies pode sucumbir por não se desenvolver ou sobreviver a competição ou ao processo de adaptabilidade.

Decorrente destas questões de apresentação do recurso e extinção do mesmo, o conceito de Sustentabilidade surge como intrínseco ao de Desenvolvimento.

Por sustentabilidade entende-se a habilidade de suportar uma ou mais condições impostas por um sistema, para a sua permanência ou sobrevivência por um determinado prazo. Em estas condições pressionam o meio e daí originam-se as estratégias de sobrevivência que evocam o uso de recursos naturais para a satisfação das necessidades. Quanto mais é atendida a necessidade de satisfação, mais um recurso tende a ser extinto caso não houver a sua manutenção ou reposição ao contexto. Daí pode haver uma reposição natural, que é quando o recurso é reposto em seu contexto original ou, uma reposição artificial, quando o recurso é reposto em um contexto paralelo para que surja uma colocação paralela as condições originais. A sustentabilidade define-se então, como a capacidade que os sistemas têm de interagir com o meio ambiente, extraindo os recursos de sua sobrevivência, através de estratégias de preservação do meio ambiente para não comprometer os recursos em prazos que envolvam outras gerações.

Em função disto, sustentabilidade torna-se um conceito complexo tanto para se definir, quanto para se implementar, porque evoca um conjunto de variáveis interdependentes e que perpassam questões sócio-econômicas, psicológicas, energéticas, ambientais e por vezes, religiosas.



Falar sobre uma Ontologia do Desenvolvimento Sustentável é evocar os aspectos de realidade que evocam a natureza de existência humana, o que há em comum no processo de Desenvolvimento Sustentável que afeta a todos nós enquanto seres que existem e que se constituem na processualidade da vida. A humanidade se notabilizou por modificar a natureza, tornando as condições de existência hospitaleiras a sua condição. Adaptar-se e modificar as coisas ao seu redor são as principais características humanas. Cada vez que mudamos as condições de existência, mudamos o conceito que temos sobre nós mesmos. Esta mudança repercute sobre diversos aspectos nas condições de existência e cada vez que somos pressionados pela falta de um recurso, redefinimo-nos ao suplantá-lo ou criarmos estratégias para recuperá-lo ou mantê-lo. O Desenvolvimento Sustentável pelos motivos já exortados, surge como uma necessidade intrínseca a própria constituição humana, porque almeja-se uma metaestabilidade sobre o entendimento ontológico a cerca de nós mesmos. Cada vez que mudamos o olhar sobre a condição humana, fazemos uma releitura sobre as nossas relações e sobre as ideologias simbólicas que nos definem enquanto seres em si mesmos. Estabilizar este olhar, buscar condições metaestáveis de adaptabilidade ao meio ambiente, significa criar um contexto sem flutuações de recursos ou conflitos, qualificando a existência humana de forma sustentável.

A falta de sustentabilidade mesclada ao desenvolvimento, implicam diretamente na não-existência humana, uma vez que a exploração de recursos sem respeito, aliena a condição de existência pela supressão e destruição do meio ambiente. O meio ambiente propicia o humano extrair a sua sobrevivência, mas, mais do que isto, nos constitui no seu processo de existir. Não existe humanidade sem meio ambiente, apesar do contrário acontecer. O desenvolvimento sustentável propiciaria ao humano estabilizar-se em sua condição de ser mortal, respeitando os recursos necessários a sua sobrevivência e conseqüentemente, respeitando a si e as futuras gerações.

O olhar multidimensional sobre o desenvolvimento sustentável sugere ao humano redefinir-se enquanto predador da natureza, tornando-se favorável a ela através do cuidado dispensado aos recursos que a mesma provê. A falta de cuidado humano a estes recursos implica na falta de cuidado a si mesmo, uma vez que a extinção de recursos desencadeia um desequilíbrio no sistema ecológico que pode afetar a condição de existência humana. Logo, o Desenvolvimento Sustentável torna-se uma questão ontológica por que desenvolvimento é algo intrínseco a condição humana e sustentabilidade algo intrínseco ao processo de desenvolvimento.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Economia para uma sociedade sustentável.


O mundo assiste a um questionamento crescente de paradigmas estabelecidos na economia e também na cultura política. A crise ambiental no planeta, quando traduzida na mudança climática, é uma ameaça real ao pleno desenvolvimento das nossas potencialidades.

Por outro lado, partimos do pressuposto de que o Brasil possui uma posição privilegiada para enfrentar os enormes desafios que se acumulam. Abriga parte significativa da biodiversidade e da água doce existentes no planeta, grande extensão de terras cultiváveis, diversidade étnico-cultural, criatividade e uma rica variedade de formações naturais cujo papel é fundamental na preservação das bases naturais do nosso desenvolvimento.

Uma economia sustentável exige políticas econômicas consistentes e previsíveis, que possam suavizar variações bruscas nos agregados de produtos e preços. Além disso, o crescimento da economia sustentável tem que ser compatível com a absorção de novas tecnologias de baixo carbono e o aumento contínuo da qualidade de vida para todos. 

Historicamente, o Brasil enfrenta restrições relativas ao financiamento de seu desenvolvimento, que se expressa na dívida pública bruta, que ultrapassou 68% do PIB em 2009, e mais recentemente no aumento da carga tributária, que passou de 24% para 35% entre 1991 e 2009, entre outros desequilíbrios.

Nossa dívida é cara e financiada em prazos relativamente curtos. Essa situação reflete a escassez de poupança de longo prazo na economia, produzindo taxas de juros incompatíveis com o objetivo maior que é a progressiva capacitação dos cidadãos para vidas mais livres e dignas de serem vividas, que se expressa no conceito de desenvolvimento sustentável.  

Esses objetivos só podem ser atingidos com medidas consistentes que permitam caminharmos em direção a uma economia que tem nos nossos ativos ambientais os fatores centrais do desenvolvimento.

a.     Manter a estrutura de sustentação da política macroeconômica – Metas de inflação, responsabilidade fiscal e câmbio flutuante, administrando as políticas fiscal, monetária e cambial para garantir o equilíbrio interno e externo, são requisitos de um desenvolvimento sustentável. Na ausência de uma coordenação adequada entre política fiscal e monetária, a segunda fica sobrecarregada e os custos em termos de produto e emprego serão maiores no tempo. O regime de câmbio flutuante, por sua vez, precisa prever intervenções pontuais, visando atenuar os excessos de volatilidade na taxa cambial decorrentes de excessos ou escassez momentâneos de liquidez.

b.  Reduzir o nível de endividamento do setor público – Embora cerca de 39% do PIB transite pelo nosso setor público (36% PIB de carga tributária mais 3% PIB do déficit nominal), a capacidade de investimento em capital fixo do Estado brasileiro não alcança 2% do PIB. Por isso, é fundamental conter o crescimento dos gastos públicos correntes à metade do crescimento do PIB (mantendo a possibilidade de política fiscal anticíclica nos momentos de retração econômica), estimular a poupança de longo prazo, substituir a sucessão de programas extraordinários de anistia fiscal (que se iniciou no âmbito federal com o Refis) por estratégias mais sólidas de recuperação de créditos tributários.

    c.   Justiça tributária – O nosso sistema tributário precisa ser reestruturado com firmeza e intensidade de propósito. O compromisso é promover uma reforma tributária que busque a simplificação e a transparência do sistema, o aumento da progressividade tributária através da redução da participação de impostos indiretos e dos impostos que incidem sobre a folha de pagamento na carga total, maior transparência para a sociedade e a redução da carga tributária, que só pode ser alcançada no médio prazo com a redução do crescimento dos gastos públicos.

      d.     Infraestrutura – A infraestrutura é a base fundamental para sustentação do crescimento econômico. A forma como é planejada e constituída tem enorme impacto na distribuição geográfica do desenvolvimento, na qualidade de vida da população e nos impactos ambientais. Na transição para uma economia de baixo carbono, o planejamento da infraestrutura deve ter foco em uma infraestrutura que seja eficiente e sustentável no uso dos recursos naturais.

        Nos sistemas de transporte, a ênfase deve ser dada às ferrovias, às hidrovias e aos sistemas híbridos, combinando biocombustíveis e eletricidade.

        O saneamento básico será priorizado e todas as alternativas de geração de energia a partir do tratamento do esgoto serão incentivadas. O tratamento de resíduos sólidos impulsionará novos negócios a partir da redução da geração, do reuso, do reaproveitamento, da reciclagem e da recuperação energética dos resíduos, como preconiza a lei sobre resíduos sólidos.

        Apoiar a melhoria à gestão das empresas públicas estaduais de saneamento, qualificando a sua condição financeira para que possam tomar e gerir empréstimos. No Brasil, apenas sete das 27 empresas se encontram em condições adequadas para tomar empréstimo do FGTS, a principal fonte de financiamento para o setor.

        Estabelecer mecanismos de apoio aos municípios para elaboração de projetos adequados de engenharia no setor de saneamento e diminuir o atraso nas contratações de obras de saneamento.

        É preciso preparar tecnicamente os municípios para se adaptarem às novas legislações que incentivam a participação de investimentos privados no setor. É consenso que há regras suficientes para impulsionar investimentos, cabendo aos estados e municípios proceder às adaptações que a legislação federal determina.

        e.     Energia limpa – O sistema elétrico brasileiro necessita de um acréscimo anual na sua capacidade instalada de geração, em torno de 3.300 MW médios. Ampliar a diversificação nos projetos de geração, de forma que o país possa usar a complementaridade de diferentes fontes para a sustentabilidade da oferta de energia renovável. Entre essas fontes merecem destaque a eletricidade cogerada no processamento da cana-de-açúcar, advinda dos projetos eólicos de grande altura (acima de 80 metros) e dos sítios “offshore”, além dos projetos hidroelétricos já em andamento, como os do Rio Madeira. Os novos aproveitamentos hidroelétricos – principalmente da Bacia Amazônica – deverão ter sua avaliação ambiental estratégica e integrada amplamente divulgada e devidamente analisada a partir de suas audiências públicas.

        Observação:   A Busca por uma Filosofia sustentável preocupada com o meio ambiente e a sociedade sempre teve como maior adversário a velho forma do homem se desenvolver, lucrar e expandir. Não parecia ser inteligente deixar de ganhar dinheiro, ter conforto e se cobrir de peles acreditando que isso influenciaria no futuro das novas gerações o importante era ter mais e mais e assim ganhar destaque dentro da sociedade e dos grupos no qual se fazia parte.

        Max já escrevia sobre a necessidade de cuidados com a natureza. Para ele, o homem é parte integrante dela. Entretanto esses conceitos dividem opiniões ate hoje. Porem as preocupações com uma sociedade sustentável tem avançado e vem ganhado importância. Frente a isso a economia e politica tem papel fundamental na criação e regulamentação de uma sociedade mais sustentável em todos os aspectos.



        A Importância do Conceito de Desenvolvimento Sustentável face à Filosofia Contemporânea

        A atualidade exige muitas considerações sobre o que vem acontecendo à humanidade e seu modo de proceder em relação à natureza. Não podemos deixar de lado determinados conceitos que são veiculados, na maioria dos encontros e colóquios, sobre a devastação que assola o planeta. O que somos atualmente e qual a nossa postura neste presente? As respostas são inúmeras e dentre elas podemos, sem dúvida, afirmar que somos ocidentais e que possuímos o discernimento de nos situarmos após o esclarecimento, sendo este compreendido como um tempo, uma época, em que o homem passou a ter atitudes reflexivas. O homem teria saído de sua minoridade passando à autonomia de refletir a partir de seu próprio entendimento. No entanto, qual é a autonomia que o homem possui diante das situações em que assistimos ao desparecimento de mananciais e reservas florestais? 

        O tom desta indagação incide diretamente sobre a preocupação com o meio ambiente e leva a inúmeros questionamentos, porém a crescente onda de violência solicita-nos um exercício mais intenso de pensamento. Ao tratarmos de pensamento, na maioria das vezes, deixamos de levar em conta que a preocupação dos pensadores, desde o início da filosofia, sempre girou sobre o que os gregos denominaram de physis. Tudo o que é passível de crescimento é comprendido como physis. Os antigos filósofos gregos se espantavam com tudo, tudo causava espanto e admiração. Todavia, não se deve deixar de lado, que a physis não se resumia somente ao que consideramos natureza – como aquilo que é verde e sem a presença do homem – physis é tudo que se desenvolve.


        Os gregos queriam saber o seguinte: o que assegura a unidade destes processos? Os mesmos passam por várias fases, no entanto, uma unidade se mantém. No decorrer das considerações destes filósofos, inúmeros modos de pensar foram aparecendo para tentar designar o que mantinha a coesão dos elementos e partes das coisas que apresentavam sinais de mudanças. Algo pode mudar de fases sem deixar de ser algo, portanto uma unidade provavelmente mantém o desenvolvimento dessas mudanças. Ora, estas conclusões aparecem indicando que tudo que é percebido pelos nossos sentidos é imediatamente pensado. No entanto, não é assim que as coisas funcionam quando se trata de pensar filosoficamente; ao falarmos de mundo, não o estamos percebendo em sua totalidade; do mesmo modo, ao falarmos de natureza não a apercebemos também em sua totalidade. Neste sentido, faz-se necessário atentar para a educação através de conceitos. A educação sustentável implica em termos noções filosóficas que remetam diretamente aos conceitos. A filosofia contemporânea é de grande valia por pautar-se em problematizações que envolvem a criação de conceitos sem perder o contato com as criações de funções e agregados sensíveis concernentes aos afazeres científicos e artísticos.




        Claro é que a physis para Heráclito é o devir dos opostos. Há um pouco de não-ser no ser, e vice-versa. Uma vez que aquilo que é, aos poucos não será e aquilo que será aos poucos não será. Assim, o próprio devir, a mudança, é a única coisa fixa. “O mesmo é em nós vivo e morto, desperto e dormindo, novo e velho; pois estes tombados além, são aqudo.eles e aqueles de novo, tombados além, são estes. (D88)”
        A ilusão, a aparência – para Heráclito – é aquilo que é estático – aquilo que permanece – nada existe permantente, imóvel – a mudança é a relidade, um devir, mas não um devir caótico, mas sempre ordenado. Ocorre sempre em medidas, em harmonia culta, uma proporção lógica – o que vai nascendo vai morrendo.



        A educação sustentável requer a compreensão de novos conceitos como diferença, acontecimentos, territórios, temporalidade e outros. Deste modo, as apreciações filosóficas sobre o conceito de desenvolvimento sustentável devem fazer parte de todas as ações que digam respeitos á propagação deste conceito. A postagem deste trabalho é aproximar as discussões filosóficas das referentes à sustentabilidade. 






        Inovações Tecnológicas e a Sustentabilidade



        Para onde vamos? Ao desconhecido? Desconhecidas parecem ser as soluções para problemas apontados por pesquisadores para um futuro próximo: alterações climáticas, falta de alimentos, escassez de água, entre outros tantos.O simples fato de que em menos de 20 anos teremos 3 bilhões de habitantes a mais no planeta, por si só, já é motivo de alerta. A escassez de matéria-prima, o acúmulo de lixo e o aumento de gases liberados no ar, já são sinais suficientes para se pensar na necessidade de uma drástica mudança socioambiental.

        O momento atual exige das empresas um compromisso maior com o desenvolvimento de produtos e serviços  que preservem o meio ambiente e apresentem um melhor desempenho operacional. É preciso que as industrias reduzam custos operacionais, ganhem eficiência, diversifiquem combustíveis e alcancem segurança energética e, ao mesmo tempo, adotem a prática da reciclagem, diminuam as emissões de poluentes e a geração de resíduos.
              
        Na visão de Karl Max podemos ver que a busca por qualidade na produção e na qualidade de vida já era uma preocupação no seu tempo.

        Em uma análise marxista da história – isto é, a análise dialética e materialista da história – ele explica que a principal força motriz da história é a necessidade da sociedade desenvolver as forças produtivas: aumentar nosso conhecimento e domínio sobre a natureza; reduzir o tempo de trabalho socialmente necessário para produzir e reproduzir as condições de vida; melhorar o estilo e os padrões de vida.

        Referência: 

        Revista Amigos da Natureza: Desafios para um futuro sustentável 2º edição-volume V 

        O Papel da Filosofia na Educação da sustentabilidade

        A Leitura do Mundo nos mostra o planeta em perigo nas diversas dimensões sejam elas social, ambiental, econômica, cultural, espacial etc. O pensamento filosófico, defendido como Leitura de Mundo por Paulo Freire, na educação poderá resgatar valores que atravessam a história e que hoje são essenciais para a sustentabilidade planetária em suas diversas dimensões.

        As civilizações antigas, indígenas e diversas culturas partiam de uma mitologia que imaginava a natureza tão viva quanto eles próprios, sentiam que as coisas seguiam um ritmo ordenado de equilíbrio e harmonia, a citar a configuração das estrelas e planetas, no ciclo das estações, na função das espécies animais e vegetais, estes ritmos ordenados poderiam ser perturbados pelo caos, rapidamente, entretanto, o equilíbrio se restabelecia, dinâmico, em uma nova ordem. Na Grécia antiga, curiosamente esse grande ser vivo era chamado de Gaia, deusa Mãe primordial, geradora de todos os deuses, a deusa-terra, livre de nascimento ou destruição, de tempo e espaço, de forma ou condição.

        Com avanços científicos a ciência passou a se afastar de mitos, a visão mecanicista penetrou no modo de vida da sociedade. Relógios e horários substituíram o sol, assim os governos, as famílias, o sistema educacional, foram programados pelos hábitos, surgiu à ideologia que, a tecnologia poderia manter tanto a natureza como a sociedade sob controle.

        Neste início de século XXI os progressos alcançados pela sociedade do conhecimento, o esgotamento de recursos e os danos provocados ao meio-ambiente pela legitimação dada ao processo produtivo, na busca de enriquecimento independente do aumento nos desequilíbrios que esse processo estivesse ocasionando, tais como, acentuação da exclusão social e concentração de riqueza, fizeram no mínimo questionar os modelos econômicos atualmente empregados.

        A razão do ser humano moderno é voltada para conhecer e produzir. Passamos, então, a falar de uma produção científica (ciências) e de uma produção física, de objetos para o consumo humano (técnicas).
        Cada ciência cuida de um campo da realidade e passa a organizar os conhecimentos dizendo o que é legítimo ou não. Em primeiro lugar esta o interesse técnico. Este vai estabelecer o que é útil, eficiente e lucrativo. Importa por isso competir. O mercado mundial torna-se um grande campo de batalha.

        A voracidade do ter, capitalizado, aparece como tentação constante deste sistema. Quem conta são os que conseguem competir. Os demais, excluídos do sistema, são entregues a própria sorte, sacrificados. E a natureza por sua vez, é sugada ao máximo para o poder do acúmulo. Isto levou a uma lógica de depredação, apontando para um desenvolvimento insustentável. Com o intuito de acompanhar o processo de globalização econômica e querendo garantir as possibilidades para as gerações futuras surgiu a sustentabilidade, característica de um processo de desenvolvimento que visa a assegurar as condições satisfatórias para as gerações futuras.

        As distorções causadas pelos modelos de desenvolvimento adotados acabam por fazer emergir problemas nas diversas dimensões: ambientais, culturais, educacionais, sociais, etc. gerando catástrofes naturais e sociais tais como a pobreza, a fome, a miséria, a saúde e que acabam por traduzir-se em violência, perceptíveis em todas as camadas sociais.

        A educação é o principal referencial de mudanças tanto em sua forma atual como na maneira em que é utilizada pelas classes dominantes. Para que ocorra transformação no modelo econômico, ou para ao menos garantir essa característica de sustentabilidade é que a Educação desempenha um papel fundamental em todas as camadas da população, quer seja esta classificada por faixa etária, nível econômico ou outro critério. A Educação diz respeito a todos e no decorrer de toda a vida.

        A Filosofia e suas Contribuições:

        Apontar a filosofia como contribuição na educação exige algumas considerações às quais partirei do pensamento de Marilena Chauí (2001:9) a respeito da filosofia. Para ela quando desejamos conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos estaríamos começando a adotar o que chamamos de atitude filosófica.

        Percebemos que em um primeiro momento a Filosofia é a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana sem antes havê-los investigado e compreendido.

        A primeira característica da atitude filosófica é negativa, pois diz não ao senso comum, às idéias da experiência cotidiana, ao estabelecido. A segunda característica da atitude filosófica é positiva, pois interroga sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem a atitude crítica e o pensamento crítico.

        Segundo Chauí (2001:15) em nossa cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de utilidade imediata. Por isso, ninguém pergunta para que as ciências, pois todo mundo imagina ver a utilidade das ciências na aplicação à realidade.

        O senso comum não enxerga algo que os cientistas sabem muito bem que verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre teoria e prática, correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são questões filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a Filosofia quem as formula e busca respostas para elas. Assim, o trabalho das ciências pressupõe, como condição, o trabalho da Filosofia, mesmo que o cientista não seja filósofo.

        Assim, mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia não é o conhecimento da realidade, nem o conhecimento da nossa capacidade para conhecer, mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia é apenas a vida moral ou ética, ainda assim, o estilo filosófico e a atitude filosófica permaneceriam os mesmos, pois as perguntas filosóficas - o que, por que e como - permanecem.

        A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem à palavra sophos, sábio. Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.

        Educação na filosofia Platônica:
        Platão (1973, Livro VII da República) narra o Mito da Caverna, alegoria da teoria do conhecimento e da paidéia platônicas o qual compara o acorrentado ao homem comum que permanece dominado pelos sentidos, pelas paixões e que só atinge um conhecimento imperfeito da realidade (doxa). O homem que se liberta dos grilhões é capaz de atingir o verdadeiro conhecimento, a episteme (ciência).
        Com esta história Platão quer mostrar que devemos aprender a raciocinar por nós mesmos, ver além das coisas concretas e do senso comum . Na Alegoria da Caverna, as sombras são as idéias impostas como únicas, o prisioneiro que se liberta é o filósofo, que se ofusca com a luz do sol que representa a realidade. Para Platão, a educação não consiste em trazer o conhecimento de fora para dentro, mas em despertar nos indivíduos o que eles já sabem.

        Educação nos ensaios de Michael de Montaigne:
        Montaigne diz nos Ensaios que as primeiras reflexões que devem alimentar o entendimento são as que regulam seus costumes e seu senso, que lhe ensinarão a se conhecer e saber morrer bem e viver bem. Ele acena que nossa educação deve formar indivíduos que saibam pensar, e não meros repetidores, como ele mesmo diz: "formar não um gramático ou um lógico mas um fidalgo" (1972:152) Montaigne repudia o homem que não pensa por si mesmo assim como aquele que não retira proveito da sabedoria que adquire: "nada ignoram da teoria, mas não acheis um que a possa pôr em prática" (1972:142).
        Percebemos que para Montaigne, a educação deve formar homens conscientes de sua realidade, atuantes e autônomos, não simples homens cheios de ciências. Sua proposta é que as pessoas tenham uma visão esclarecida da sociedade, que possam formar opiniões de maneira racional, sem que para isso caiam em um extremado intelectualismo que nada acrescenta de positivo ao convívio social.
        A educação não deve possuir a lógica de mercado e sim deve desenvolver a humanidade como um todo de maneira sustentável longe do individualismo e consumismo depredante sem conseqüências futuras assumindo apenas a lógica capitalista.

        Immanuel Kant e o ensinar a pensar:
        Para Kant (1992, Theoretical Philosophy) o professor deve desenvolver no seu aluno, em primeiro lugar, o homem de entendimento, depois, o homem de razão, e, finalmente, o homem de instrução. Este procedimento tem esta vantagem: mesmo que, como acontece habitualmente, o aluno nunca alcance a fase final, terá mesmo assim beneficiado da sua aprendizagem. Terá adquirido experiência e ter-se-á tornado mais inteligente, se não para a escola, pelo menos para a vida.
        Se invertermos este método, o aluno imita uma espécie de razão, ainda antes de o seu entendimento se ter desenvolvido. Terá uma ciência emprestada que usa não como algo que, por assim dizer, cresceu nele, mas como algo que lhe foi dependurado.
        Percebemos na educação atual uma repetidora de aprendizagens e de conhecimentos dominantes e defendemos como Kant a importância de filosofar, guiados para reflexão e produção de conhecimento longe da lógica de mercado atual e sim caminhando para a sustentabilidade.

        Antônio Gramsci e a crítica à educação elitista:
        Alguns conceitos criados ou valorizados por Gramsci hoje são de uso corrente em várias partes do mundo. Um deles é o de cidadania. Foi ele quem trouxe à discussão pedagógica a conquista da cidadania como um objetivo da escola. Ela deveria ser orientada para o que o pensador chamou de elevação cultural das massas, ou seja, livrá-las de uma visão de mundo que, por se assentar em preconceitos e tabus, predispõe à interiorização acrítica da ideologia das classes dominantes.

        A educação como leitura de mundo em Paulo Freire:
        A metodologia fundada na leitura do mundo foi um importante instrumento de trabalho em sua teoria do conhecimento. Paulo Freire destaca:
        Que a transitividade ingênua precisa ser promovida pela educação à crítica, a qual, fundando-se na razão, não deve significar uma posição racionalista, mas uma abertura do homem, através de que, mais lucidamente, veja seus problemas.
        Posição que implica a libertção do homem de suas limitações, pela consciência dessas limitações (FREIRE, 2001:113 e 114). O tema da Leitura do Mundo em Paulo Freire aparece ao longo de toda a sua obra. É um dos fios que permitiu tecer a "educação como prática da liberdade" Paulo Freire (1984, Pedagogia do oprimido) defendia a mudança na sociedade através de uma "reforma interna" do homem, via "conscientização". "Uma pedagogia da liberdade pode ajudar uma política popular, pois a conscientização significa abertura à compreensão das estruturas sociais como modos de dominação e violência (...)" (1984, Educação como prática da liberdade).
        Paulo Freire defendia a tese de uma educação que desenvolvesse a consciência crítica, que promovesse a mudança social. E não haveria mudança sem a compreensão crítica da realidade vivida, ou seja, sem a Leitura do Mundo. Daí, o papel da educação seria, então, o da conscientização e o conhecimento construído através do processo educativo teria a função de motivador e impulsionador da ação transformadora.
        No processo de desenvolvimento sustentável é esta mesmo relação que
        devemos ter, a partir do local cotidiano para o universal.
        Devemos muito a filosofia da educação de Paulo Freire, até em nível mundial. Não podemos colocar Paulo Freire no passado. Ele foi muito original sobretudo porque despertou nas pessoas a crença na sua capacidade de "mudar o mundo", de ler o mundo para escrever o mudo. Para isso o pensamento de Paulo Freire é imprescindível para o desenvolvimento sustentável.

        Conclusão:
        Promover a inserção humana no equilíbrio dinâmico sustentável é um problema de percepção, de visão de mundo, mas vivemos uma crise de percepção. A realidade em que estamos inseridos exige um novo significado de educação longe de interesses dominantes que na prática são insustentáveis. Precisamos de uma educação libertadora e de consciência crítica de mundo, que seja compartilhada com milhares de excluídos, que os fortaleça, que, diferente do mundo globalizado que a usa sob a ética de mercado, adote a ética universal do ser humano.
        A Leitura do Mundo nos mostra que hoje o planeta está em perigo. A lógica do mercado, do capital, que oprime, segrega, exclui seres humanos da vida com dignidade, também se aplica sobre o planeta Terra. Por isso necessitamos de uma educação para a sustentabilidade que reafirme os valores da ética global, da integridade ambiental e da justiça econômica e sócio-cósmica.
        É neste sentido que apontar a filosofia da educação, resgatando pensadores da educação, em especial Paulo Freire, percebemos o principal instrumento de libertação do senso comum em uma nova leitura de mundo, condição necessária, na educação do presente e do futuro, para resgatar a centralidade da preocupação com o ser humano no processo educacional, voltada para o futuro, uma educação voltada para a construção do sonho de uma cidadania planetária de alteridade cósmica sustentável.


        Referência
        http://www.unifae.br/publicacoes/pdf/sustentabilidade/alexandre_osmar_editorado.pdf

        quarta-feira, 6 de novembro de 2013

        Sugestões para um mundo sustentável



        Veja abaixo algumas dicas de como podemos contribuir para a sustentabilidade de nosso planeta. Examine tudo e retenha o que é viável para você:
        1. Ciente do crescimento populacional global, planeje o tamanho de sua família.
        2. Procure diminuir seu consumo de recursos, principalmente a água. Utilize lâmpadas de baixa voltagem que economizam energia, e sempre que possível utilize a iluminação natural. Procure comprar também utensílios domésticos que sejam mais eficientes e econômicos, e que não prejudiquem a camada de ozônio.
        3. Descarte corretamente seu lixo, principalmente as substâncias nocivas à saúde. Hoje a coleta reciclável começa a ser uma realidade em nossa sociedade. Você pode, por exemplo, utilizar uma garrafa pet para guardar o óleo da cozinha, dispensando-a posteriormente em local apropriado. Você pode também utilizar guardanapos laváveis, procurando reciclar sobretudo latas de alumínio, vidros, jornais, dentre outros.
        4. Ao se alimentar, procure balancear sua dieta, utilizando mais vegetais e frutas, principalmente as de produção local.
        5. Se tiver jardim em casa, mantenha-o de modo a favorecer o surgimento de pássaros, insetos, e plantas. Elimine o uso de pesticidas, plante árvores e arbustos e, se possível, cultive até verduras em sua propriedade.
        6. Em suas compras de supermercado, procure levar sua própria sacola, ou peça sacolas de papel, ou mesmo caixas que são normalmente descartadas pelo estabelecimento.
        7. Não adquira animais raros ou em extinção, ou qualquer produto feito de pele de animais selvagens, como couro de répteis.
        8. E, por fim, deixe seu carro em casa sempre que possível. Utilize o transporte público, a bicicleta, ou mesmo a caminhada em distâncias mais curtas. Você vai ver como o seu relacionamento com a cidade irá mudar drasticamente para melhor!
        Com base nas sugestões acima é possível afastar a preocupação sobre o mundo que deixaremos para nossos filhos contemplarem. Essa preocupação era a mesma dos primeiros filósofos gregos que foram chamados de naturalistas. Esses filósofos foram considerados como pessoas desprendidas das preocupações materiais do dia a dia e que se dedicavam apaixonadamente à contemplação da natureza. Tinham então como principal objetivo viverem para contemplarem a natureza, destacando-se simultaneamente como poetas e profetas, tal qual Anaximandro, Parménides, Heraclito e Empédocles.

        Portanto vamos aplicar essas sugestões no nosso dia a dia para que possamos contemplar a natureza como o resultado de nossas ações e permitir que os futuros moradores desse lugar chamado Terra possam ter o mesmo privilégio que tivemos outrora.

        Fontes:

        Meio de transporte sustentável



        Em termos de definição, sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Segundo o Relatório Brundtland, também conhecido como o documento “Nosso Futuro Comum”, publicado em 1987, sustentabilidade é “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas”.

        Assim, para que algo seja “sustentável”, tem que ser:
        • ecologicamente correto;
        • economicamente viável;
        • socialmente justo;
        • culturalmente aceito.
        Tentando ir de encontro a essa definição, a bicicleta, segundo os quesitos acima, é um dos meios de transportes mais sustentáveis que possuímos hoje, pois ela é ecologicamente correta (não polui como os outros meios de transporte), economicamente viável (o investimento inicial hoje para se utilizar uma bicicleta é bem baixo, tendo inclusive modalidades de aluguel e projetos de incentivo ao uso da mesma), socialmente justa (na medida em que a bicicleta é na sua maioria promove a inclusão), no último quesito (culturalmente aceita), está evoluindo rapidamente junto à população no geral, apesar de repetidos desserviços da grande mídia ao tratar a bicicleta apenas como um produto de lazer. Como projeto de incentivo ao uso da bicicleta, temos um bom exemplo neste sentido, o Bike Salvador.

        O Bike Salvador é um projeto de sustentabilidade da Prefeitura de Salvador em parceria com o banco Itaú e a empresa Serttel, que propõe um sistema de bicicletas públicas visando oferecer à cidade uma opção de transporte sustentável e não poluente, reduzindo a poluição ambiental e promovendo a responsabilidade social das pessoas. Mais informações podem ser encontradas no site http://www.bikesalvador.com/.

        Portanto pessoal, vamos deixar as desculpas de lado e aproveitar as oportunidades. É impressionante a quantidade de CO2 que deixamos de emitir ao trocar o carro pela bicicleta, e é com ela que podemos trilhar um caminho rumo à sustentabilidade.



        Fontes:
        http://www.euvoudebike.com/2012/03/com-a-bicicleta-por-um-mundo-sustentavel/
        http://www.bikesalvador.com/

        Quantos derivados de petróleo você usou no mês?



        Do UOL, em São Paulo
        01/11/201319h20




        Presa há mais de um mês na Rússia, após um protesto contra a exploração de petróleo no Ártico, a ativista gaúcha do Greenpeace, Ana Paula Maciel, 31, pediu para divulgar uma carta sua ao público. "Nem tenho palavras para agradecer a todas as pessoas que se importam e que clamam por nossa liberdade. Gostaria de agradecer especialmente o apoio do governo e do povo brasileiro que têm se mostrado incansáveis em seu suporte pela minha liberdade", escreveu.

        Ana está entre os 28 ativistas e dois jornalistas que seguem em prisão preventiva na Rússia. Inicialmente, eles foram levados para a cidade de Murmansk, mas devem ser levados em breve para São Petersburgo.
        Ontem, Ana Paula foi formalmente acusada de vandalismo, juntamente com todos os outros detidos. E, apesar de comunicado oficial do comitê de investigação russo de que retiraria a acusação de pirataria, isso ainda não aconteceu.

        Em contato direto apenas com advogados e diplomatas, os ativistas têm tido poucas chances de se comunicar com o mundo externo. Quando isso acontece, as comunicações com a família têm sido priorizadas.

        Na carta, datada de 23 de outubro, ela pergunta: "quantos produtos derivados de petróleo você usou nesses último mês? Derivados de petróleo são usados para fabricar muitas coisas e, sendo "coisas" consumíveis, sofrem sob o efeito "procura e demanda" que as pessoas ávidas pelo consumo compram, utilizam e descartam com uma rapidez sem precedentes nos dias de hoje".
        Leia a íntegra da carta abaixo:

        Queridos leitores,
        Me chamo Ana Paula e sou um dos 30 ativistas presos aqui na Rússia. Hoje faz um mês que nos retiraram de nosso amado navio Arctic Sunrise e, depois de dois dias em uma cadeia, três em outra, agora estou sentada em minha cela na penitenciária para onde nos trouxeram dia 29 de setembro. Tudo isso depois de um protesto pacífico onde queríamos chamar a atenção do mundo sobre os perigos de danos ambientais ao perfurar em busca de petróleo no Ártico.

        Um mês que nossas vidas pararam, aqui sozinhos, tive tempo pra parar e pensar e lhes pergunto, caros leitores: quantos produtos derivados de petróleo você usou nesses último mês? Derivados de petróleo são usados para fabricar muitas coisas e, sendo "coisas" consumíveis, sofrem sob o efeito "procura e demanda" que as pessoas ávidas pelo consumo compram, utilizam e descartam com uma rapidez sem precedentes nos dias de hoje.

        Nosso planeta, o que chamamos de casa, o único que conhecemos com vida, está em crise e precisamos fazer algo individualmente, todos os dias. Creio que não estariam indo procurar petróleo no Ártico se não houvesse quem o utilizasse. Se fôssemos mais preocupados em ser do que ter, usaríamos menos petróleo, a natureza estaria sob menores riscos, os protestos pacíficos não seriam necessários, eu não estaria presa injustamente...

        Nem tenho palavras para agradecer a todas as pessoas que se importam e que clamam por nossa liberdade. Gostaria de agradecer especialmente o apoio do governo e do povo brasileiro que têm se mostrado incansáveis em seu suporte pela minha liberdade. Clara Solon, da embaixada do Brasil na Rússia é quase uma segunda mãe para mim. Tem sido impecável em suas visitas, presença na corte, apoio psicológico e tudo o que está a seu alcance.

        Gostaria de fazer um apelo ao mundo e aos que se importam: Salvem o Ártico! Consumam menos para serem mais, usem sacolas reutilizáveis, apaguem as luzes ao não usá-las, procurem produtos com menos embalagem, usem mais as pernas e menos os carros. Você não é o seu telefone celular, ele não diz nada sobre suas virtudes, você não precisa do último modelo. Separe o lixo, recicle, conserte o que quebrar em vez de comprar outro, informe-se. Existem tantas mil pequenas ações que podem ser feitas todos os dias para salvar o Ártico, a Amazônia, os recifes de corais e todo o resto. Basta escolhermos bem o que comprar. Nós todos e cada um de nós somos responsáveis pela mudança!

        Promete que vai tentar. E eu vou saber que esse mês presa não foi em vão.
        Com amor, Ana.

        "O homem vive da natureza (.) e tem que manter com ela um diálogo ininterrupto se não quiser morrer." (MARX)



        Reflexão filosófica:

        Os conceitos expressos pelo filósofo Karl Marx remetem aos temas hoje muito discutidos, de desenvolvimento sustentável, Mudanças Climáticas e Aquecimento Global, que surgiram principalmente a partir dos anos 1970. O modelo de desenvolvimento proposto, desde os primórdios da Revolução Industrial, no século XVIII, é considerado como um elemento importante a ser revisto no mundo contemporâneo, desde aquela época.

        Em O Capital (1867) no volume 3, que as reflexões de Marx sobre o tema se sobressaltam, aproximando-o de questões ambientais e ecológicas, como é afirmado por ele que o homem socializado e os produtores associados precisam governar a natureza de modo racional, por meio do controle coletivo em vez de um poder cego e gastar o mínimo de energia e em condições dignas à sua natureza humana. Pode-se dizer que esse pensamento se assemelhava naquele período ao que, futuramente, no século XX, foi denominado como preceitos da sustentabilidade.

        Com o artigo acima podemos concluir que Marx mesmo vivendo no século XIX, parece prevê que o planeta passaria por esses problemas climáticos que estamos passando hoje, pois o homem passou a consumir os recursos naturais de maneira desordenada, sem controle e sem pensar nos impactos ambientais que poderiam ser causados por causa do auto consumo.


        Fontes:
        http://www.uol.com.br/
        http://filosofiacienciaevida.uol.com.br




        Sustentabilidade nas Empresas


        Desde a última década, a sustentabilidade faz parte da agenda das principais empresas brasileiras públicas e privadas. Os gestores do País já entendem que a adoção de soluções sustentáveis e ecologicamente responsáveis são cruciais não apenas para melhorar a imagem de suas empresas, como também para aumentar a competitividade e rentabilidade dos negócios.

        Não à toa que seis em cada dez empresas nacionais sentem que as mudanças climáticas já produzem impacto diário em sua cadeia produtiva. Os dados são de estudo sobre o tema conduzido pelo Instituto Ilos, especializado em logística empresarial. Ainda segundo esse levantamento, quase metade das empresas brasileiras já possui políticas específicas para o setor de sustentabilidade.

        As empresas acreditam que dois em cada três clientes já exigem soluções mais verdes para os serviços que contratam ou produtos que consomem. E o mercado para o setor no País ainda tem muito para crescer. Segundo pesquisa realizada pela revista National Geographic em 2010, que investigou hábitos de 17 mil consumidores em 17 países, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking de consumo sustentável. Atrás apenas da Índia, o País apresenta bons índices no uso de materiais renováveis em suas construções e no emprego extensivo de biocombustíveis.

        Sejam públicas ou privadas, grandes empresas brasileiras já encabeçam ações de sustentabilidade com reconhecimento internacional, por meio de certificações específicas.

        Conheça abaixo algumas delas:

        Petrobras

        Integrante do Dow Jones Sustainability Index, índice de sustentabilidade utilizado como parâmetro para análise dos investidores social e ambientalmente responsáveis, a empresa brasileira foi escolhida pela European Foundation for Management Development para promover um projeto-piloto para capacitar executivos com foco na responsabilidade social.

        A Petrobras elaborou um documento, batizado de Diretrizes da Sustentabilidade, que congrega e prioriza as ações da companhia nesse segmento. As principais ações se dão na área de proteção da biodiversidade, ecoeficiência das atividades e operações, controle de contingências e interface social, econômica e cultural das atividades de exploração e produção de óleo e gás na Amazônia.

        Paralelamente, a empresa desenvolve diversos projetos de inserção social, como a Rede de Reciclagem de Resíduos, que beneficiou diretamente cerca de 7,2 mil catadores de materiais recicláveis em cinco anos, por meio de 26 projetos desenvolvidos em nove estados.

        Banco do Brasil

        O Banco firmou um compromisso junto ao Ministério do Meio Ambiente para a realização de ações sustentáveis em seus negócios, a Agenda 21. Esse documento norteia as atuações da empresa nessa área, caso, por exemplo, do Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS), que oferece linhas de crédito a empresas que promovam a sustentabilidade em suas linhas de produção. Além disso, a Fundação Banco do Brasil desenvolve diversas ações sociais voltadas para o desenvolvimento sustentável e o cuidado ambiental, como a capacitação dos apicultores do Piauí.

        Caixa Econômica Federal

        A política ambiental da instituição faz parte do Projeto Corporativo de Responsabilidade Social, que desenvolve uma cultura organizacional de sustentabilidade e faz com que empregados, clientes, fornecedores e parceiros pratiquem ações sustentáveis, além de estimular o uso de materiais recicláveis nas agências.

        Vale

        Uma das empresas líderes globais no setor de mineração, a Vale iniciou em 2010 a implantação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), protocolo baseado nas diretrizes do ISO 14001. O modelo fornece ferramentas para garantir a conformidade legal das atividades, produtos e serviços.

        A empresa também promove a recuperação de áreas degradadas e investe na pesquisa de novas tecnologias que permitem aprimorar os sistemas de controle ambiental, na gestão de resíduos e de produtos químicos.

        Furnas

        Colabora para o Programa de Reaproveitamento de Óleo Vegetal do Estado do Rio de Janeiro (Prove), além de encabeçar o projeto Coleta Seletiva Solidária, que já promoveu a reciclagem de 310 toneladas de materiais gerados na sede da empresa, no Rio, e em suas unidades regionais. Os materiais são repassados a associações e cooperativas de catadores de lixo.

        Itaipu

        Bicampeã do Ranking Benchmarking dos Detentores de Melhores Práticas de Sustentabilidade do País, a Itaipu possui uma série de ações voltadas ao setor, com destaque para o projeto Cultivando Água Boa, que reúne 22 associações de produtores agrícolas que investem em insumos orgânicos e obtêm renda ao praticar uma atividade que preserva o solo, sem aplicação de agrotóxicos.

        Braskem

        Em parceria com a Plásticos Suzuki, a Braskem usa as sobras de sua produção industrial para a confecção de bancos, lixeiras e floreiras que já foram instalados em espaços públicos das cidades de Paulínia, em São Paulo, e Maceió, nas Alagoas.

        Dow Química

        Criadas em 1995, as metas de sustentabilidade da empresa do ramo químico foram superadas em 2005, ano em que a companhia lançou novos objetivos para o ano de 2015. Reduzir o uso de energia em 25%, diminuir as emissões de CO2 em 2,5% ao ano e descobrir ao menos três inovações que aumentem a consciência sustentável da empresa são algumas das metas do grupo.

        Natura

        Além de realizar a venda de refis em sua linha de produtos, a empresa agrega suas ações sustentáveis na marca Ekos. Em associação com 19 comunidades rurais espalhadas pelo País, a Natura promove o manejo sustentável dos ativos envolvidos na produção dos artigos dessa linha.

        Desde 2005, a empresa estimula a substituição de matérias-primas de origem animal por aquelas provenientes de fontes renováveis. Além disso, todas as embalagens dos condicionadores e dos refis são feitas com o chamado Plástico Verde, que é 100% reciclável e emite menos carbono em sua confecção que seus congêneres tradicionais.

        Wallmart

        A empresa de supermercados concentra suas ações nas áreas de sustentabilidade em três eixos: clima e energia, resíduos e produtos. O primeiro deles tenta reduzir em até 30% o consumo de energia dos pontos de venda; o segundo implementa estações para o tratamento e reciclagem de todo o lixo produzido pelas unidades de venda, bem como a redução no volume das embalagens.

        O último pilar da área sustentável do Wallmart procura estimular o uso de produtos com alta preocupação ambiental, além de reduzir em até 70% a presença de fosfato em detergentes e sabões em pó usados na limpeza da rede até o próximo ano e oferecer ao menos um produto orgânico para cada categoria de alimentos comercializada.

        Observação:

        Na concepção aristotélica, o vínculo entre ética e desenvolvimento sustentável é inalienável, uma vez que as atividades de sustentação da vida material humana não são neutras em relação ao meio natural. Contudo, Aristóteles não tinha por objetivo a questão ambiental. Ele visava firmar uma Ética da justiça, como bem mostra o seu princípio do comércio justo, segundo o qual a troca de mercadorias entre dois homens deve servir ao propósito de melhorar as condições de vida de ambos e não constituir meio pelo qual um pudesse ser beneficiado em detrimento do outro.