Cláudio Manoel Nascimento Gonçalo da Silva
A concepção do Desenvolvimento Sustentável surge em 1983, após os primeiros prenúncios de uma tragédia ambiental. O buraco na camada de ozônio, a extinção de algumas espécies, a queimada de grandes florestas, a poluição nas grandes cidades, a destruição de rios, a “crônica de uma morte anunciada” era sinalizada a humanidade pela falta de atendimento as necessidades das gerações futuras. A humanidade em sua corrida desenfreada para produzir e industrializar recursos, ao incentivar o processo de desenvolvimento das atividades agrícolas, florestais e pecuárias, perdeu o foco quanto a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais.
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Dimensões da sustentabilidade |
Como conscientizar gerações? Educação.
No livro: A Paidéia, a educação é apresentada como um processo de sobrevivência, em que a humanidade propicia a propagação de conhecimentos adquiridos e necessários para a existência social. A história de formação do homem grego, conhecida como fase pré homérica, trazia intrínseca a noção de que o destino era regido pelos deuses e o homem, fadado as tragédias, precisaria enfrentar as ações divinas a fim de provar-se digno da sua condição.
A educação é necessária porque reformula comportamentos e idéias através da informação, transformação e formação do indivíduo em um processo continuado. A prática educativa formal instaura-se com objetivos determinados, fomentando a utilização de conceitos, recursos técnicos e tecnológicos, ou de instrumentos e ferramentas de uma determinada comunidade. No caso, a educação formal pode ser um grande aliado da concepção do desenvolvimento sustentável, uma vez que no processo educativo formal os conhecimentos e habilidades são transferidos para crianças, jovens e adultos com o objetivo desenvolver o raciocínio fazendo os indivíduos pensarem sobre diferentes problemas, de forma a auxiliarem a sociedade no seu processo de transformação. Pensar em desenvolvimento sustentável é pensar em escala cronológica a longo prazo, e neste caso, como a educação tem uma funcionalidade atemporal, na medida em que atinge todas as gerações, pode propiciar efeitos no tempo presente e futuro de forma eficaz e efetiva, sendo um grande suporte ao desenvolvimento sustentável. A educação como processo contínuo de desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, pode propiciar a integração de uma necessidade social (sustentabilidade) com o processo de formação do humano, formando em seu processo educacional e pela socialização, indivíduos mais conscientes do seu processo participativo no desenvolvimento social.
O destino humano não está nas mãos dos deuses e a sustentabilidade provoca este entendimento, através da narrativa que as ciências biológicas fazem a cerca de uma possível tragédia decorrente do mal uso dos recursos naturais. Entramos aí no plano filosófico em uma questão moral e ética. Na concepção platônica, sendo a natureza do homem racional, a razão realiza o homem a sua humanidade através do sumo bem, que propicia o homem atingir a felicidade e a virtude. Se seu corpo não é um instrumento para isto, mas um obstáculo, o intelecto encontra um obstáculo nos sentidos, a vontade no impulso, e assim por diante. Para Aristóteles a moral é estabelecida através de três Éticas. A primeira: todo ser tende necessariamente à realização da sua natureza e forma, nisto está o seu fim, o seu bem, a sua felicidade, e a sua lei. O Homem só consegue a felicidade mediante a virtude, que é uma atividade conforme à razão que pressupõe conhecimento racional. Logo, o racionalismo é virtude convertida em ação consciente que conhecimento absoluto, metafísico, da natureza e do universo, segundo a qual o homem deve operar.
Para Platão e Aristóteles, o impulso social a satisfação obtida por um desenvolvimento que remete a uma tragédia global, evidencia falta de moralidade, uma vez que a racionalidade nos faz buscar a felicidade e a virtude, bem como ações racionais baseadas em conhecimentos absolutos, que explicam e justificam a busca humana por um bem maior, que no caso, a prática do desenvolvimento sustentável justifica como sendo a perpetuação do uso dos recursos pelas futuras gerações. As virtudes éticas, morais, não seriam mera atividade racional, mas um elemento sentimental, afetivo, passional, que deve ser governado pela razão. No caso, o uso exacerbado de recursos com a finalidade de alcançar o desenvolvimento alcançado por países mais avançados, evidencia uma paixão pautada pela competitividade, que aniquila a aplicação de uma razão pautada em perspectivas científicas.
Numa tautologia, pensar a educação em face do desenvolvimento sustentável numa moralidade e ética platoniana e aristotélica, se justifica a partir de uma orientação em que o Homem conheça e pense em um bem comum, uma vez que é virtuoso e racional buscar a sobrevivência das gerações em face de uma racionalidade que entende as questões de sustentabilidade como necessárias ao avanço moral e ético da humanidade.
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